Por quê
sistemas trabalham tão bem
Foi mostrado no capítulo 2 sistemas simples que
tinham seu comportamento baseado em estruturas. Foi visto sistemas de
termostato para manter a temperatura controlada de uma sala, um sistema de
extração de petróleo (não renovável) e um sistema econômico da atividade
pesqueira (renovável).
Quando sistemas trabalham bem, é possível ver
um tipo de harmonia em suas funções. Considere um caso onde uma comunidade é
atingida por uma tempestade. Pessoas trabalham longas horas para ajudar
vítimas, surgem talentos e habilidades; uma vez que a emergência termina, a
vida retorna ao “normal”.
Porquê sistemas trabalham tão bem? Considere as
propriedades de um sistema altamente funcional que são familiares a você. Há
boas chances que você observou uma das três características: resiliência,
auto-organização ou hierarquia.
Resiliência
Resiliência tem muitas definições, dependendo
do ramo da engenharia, ecologia, etc. Para o nosso propósito, considera-se o
seguinte significado: “a habilidade de voltar a posição após ser pressionada ou
esticada. Elasticidade. A capacidade de recuperar força, espírito, bom humor ou
quaisquer outros aspectos rapidamente”. Resiliência é uma medida da capacidade
de um sistema para sobreviver e persistir em um ambiente variável. O oposto de
resiliência é fragilidade ou rigidez.
Resiliência surge de uma estrutura rica e com
muitos loops de realimentação que podem trabalhar de diferentes formas para
restaurar um sistema mesmo após grandes perturbações. Um simples loop de
equilíbrio traz um sistema para um estado desejado. Resiliência é obtida por
vários destes loops, operando através de diferentes mecanismos, em diferentes
escalas de tempo, e com redundância.
Importante ressaltar que resiliência não é o
mesmo de ser estático ou constante ao longo do tempo. Sistemas resilientes
podem ser muito dinâmicos. Oscilações de curta duração ou outros eventos podem
ocorrer, mas a resiliência age para restaurar.
E, inversamente, sistemas que são constantes ao
longo do tempo pode ser não resilientes. Esta distinção entre estabilidade
estática e resiliência é importante. Estabilidade estática é algo que você pode
ver; é medido pela variação na condição de um sistema semana a semana ou ano a
ano. Resiliência é algo que pode ser muito difícil de ver, ao menos que você
exceda seus limites, superando e danificando os loops de equilíbrio, e a
estrutura do sistema se quebra. Uma vez que a resiliência pode não ser ser
óbvia sem uma visão completa do sistema, as pessoas normalmente sacrificam
resiliência por estabilidade, ou por produtividade, ou por alguma outra
propriedade do sistema mais reconhecida de imediato.
Auto-organização
A característica mais maravilhosa de alguns
sistemas complexos é sua habilidade de aprender, diversificar e evoluir. É a
capacidade de um único óvulo fertilizado de gerar, por si só, a incrível
complexidade de um sapo maduro, ou uma galinha, ou uma pessoa.
Esta capacidade de um sistema de fazer sua
própria estrutura mais complexa é chamada de auto-organização. Vê-se auto-organização
em uma forma mais profunda sempre que uma semente brota, ou um bebê aprende a
falar, ou uma vizinhança decide se reunir para se opor a um depósito de lixo
tóxico.
Como a resiliência, a auto-organização é
geralmente sacrificada pelo propósito de curto prazo de produtividade e
estabilidade. Produtividade e estabilidade são as desculpas usuais para tornar
seres humanos criativos em acessórios mecânicos para processo de produção.
Auto organização produz heterogeneidade e imprevisibilidade.
É provável que surja com estruturas totalmente novas, com novas formas de fazer
as coisas. Requer liberdade e experimentação, e uma certa dose de desordem.
Estas condições que encorajam a auto-organização geralmente podem ser assustadoras
para os indivíduos e ameaçam as estruturas de poder. Como uma consequência,
sistemas educacionais podem restringir o poder criativo das crianças ao invés
de estimulá-los
A ciência agora conhece que sistemas com
auto-organização podem surgir de regras simples. Ciência, por si só um sistema
auto-organizado, gosta de pensar que toda a complexidade do mundo deve surgir,
em última análise, de regras simples. Se isto na verdade acontece, é algo que a
ciência ainda não conhece.
Hierarquia
No processo de criação de novas estruturas e
aumento de complexidade, uma coisa que a auto-organização de um sistema geralmente
cria é hierarquia.
O mundo, ou pelo menos parte dele que os humanos
pensam entender, estão organizados em subsistemas agregados em subsistemas
maiores, agregados em subsistemas ainda maiores. Este arranjo de sistemas e
subsistemas é chamado de hierarquia.
Hierarquias são invenções brilhantes dos
sistemas, não somente porque elas dão estabilidade e resiliência, mas também
porque elas reduzem a quantidade total de informações que qualquer parte dos
sistemas precisam acompanhar.
Se um membro de um time está mais interessado
em sua glória pessoal do que em uma equipe vencedora, ele ou ela pode causar a
derrota do time. Se uma célula do corpo se liberta de sua função hierárquica e
começa a se multiplicar descontroladamente, nós a chamamos de câncer.
Quando o objetivo de um sistema domina as
custas dos objetivos totais do sistema, o comportamento resultante é chamado de
sub-otimização.
Tão prejudicial como a sub-otimização, é claro,
é o problema de muito controle centralizado. Se o cérebro controlasse cada célula
tão fortemente que a célula não pudesse desempenhar suas funções de auto
manutenção, o organismo toda poderia morrer.
Para ser um sistema altamente funcional, a
hierarquia deve equilibrar o bem estar, as liberdades, e a responsabilidades
dos subsistemas e do sistema total – deve haver um controle central suficiente
para atingir a coordenação na direção do objetivo do sistema maior, e autonomia
suficiente para manter todos os sub sistema florescendo, funcionando e
auto-organizados.
Resiliência, auto-organização e hierarquia são três das razões que sistemas dinâmicos podem trabalhar tão bem. Promovendo e gerenciando estar propriedades de um sistema pode melhorar sua capacidade de funcionar bem a longo prazo – ser sustentável.